sábado, 20 de março de 2010

Os fabricantes de papel

Tem coisas que vão tarde, que não deveriam nem ter vindo.
Tem coisas, ora sentimentos, que não cabem. Não nas palavras!
Não cabem nas entrelinhas. Há sentimentos que só se executam
nos espaços que não se permitem existir...
Outro dia escrevi um texto em que a linha deveria ser maior
que os 20 centímetros do papel. Era essencial uma frase longa.
Tudo na mesma linha. Mas os fabricantes de papel nunca pensam
nos meus sentimentos...

Ventura!
Toda perda

A complexidade do ser humano, digo das pessoas é severamente grande, elas se entortam com o objetivo de se tornarem visíveis, elas se entortam para fugir dos olhares alheios. Todos os humores e segredos são inutilmente guardados sobre o rosto, sobre a pele, e me parece que inutilmente queremos tirar a pele de todos que nos cercam, para ver se achamos algo de valioso para o nosso ego ou simplesmente para a nossa carência. O espírito humano busca obsessivamente um motivo de vida em outros espíritos, e a gloria do espírito humano é se sentir totalmente independente desses outros espíritos, mesmo sabendo que os outros garantem seu equilíbrio descompassado. Os espíritos adoram ajudar, os espíritos necessitam de dependência, necessitam do outro como uma forma de garantia. Os espíritos humanos sabem que um dia perderão suas garantias. A perda é sempre dolorosa, aprender a perder é essencial. Dissimular derrotas é sobrevivência, deixa o ego do espírito humano ainda pronto para admirar novas almas.

Ventura!