quinta-feira, 29 de julho de 2010

O antigo bairro das flores

A minha cidade tem duzentos anos, nem todos tem o privilégio de ter uma cidade assim. Ela tem flores e tem história, em um tempo em que as pessoas já não gostam mais de flores e não lembram mais história. As flores ficaram no nome e despetalaram assim como os primeiros amores que surgiram nas calçadas do colégio de freiras em frente a igreja matriz. Fez seus anos dourados, quando soerguia-se uma capital ao seu redor.
A minha cidade tinha um século e meio e muitos cinemas. Cine eldorado, cine rio, cine campinas onde se ia com o primeiro namoro, onde se via o primeiro galã americano.
Tinha um estádio e heróis da bola com charanga e mascote. A capital cresceu construindo seus muros, suas grades seus prédios com condomínios, com cercas elétricas, sem bênçãos de padre pelágio, sem gol, sem colégio de menininhas, sem amores escondidos, sem praça, sem garotos de lambreta, sem portas abertas, sem imigrantes, sem história...


E nos duzentos anos de minha cidade eu fui ao colégio freiras, ouvi quem presenciou sua construção, comi salgadinhos a beça.

E nos duzentos anos de minha cidade foi uma festa que só vendo, as gerações primeiras não traíram seu berço e lá estavam em peso com as gerações últimas que perdidas se encontravam com o nosso jornal, com o livro de nossa história, com a orquestra sinfônica, com a quadrilha profissional, com a melhor pamonha do mundo.

E lá teve cantores dos bons pra dedeu. Para comemorar uma paixão nada se faz melhor... e como é bom descobrir cantorias e mastigar letras...

E lhes digo é imprescindível: achar um jeito secreto penetrar no concreto...

Nos duzentos anos de minha cidade eu fui ao show do Pádua. Eu o descobri. Que show!!