domingo, 17 de outubro de 2010

Tiro e queda no coração

No meu quarto não cabe seus poemas.

Seus poemas são cheios de letras tortas que seduziram o porteiro do meu prédio.
E o meu quarto é muito bagunçado de coisas inúteis.
O porteiro do meu prédio limpa a calçada pra você passar.
Eu nunca estou pronto para jogar pela janela todos os meus livros sobre vermes.
E você passa derramando flores para enfeitar as ruas e as construções e todas as coisas
esdrúxulas que inventaram.
Eu fico no meu quarto ouvindo tango argentino. :/
Enquanto você se esbalda com o samba sujo do rádio da pastelaria.
Eu escrevo um soneto inglês as escondidas.
Você me trás um pagode de amores de Chico.
Meus sentimentos são biquadrados.
Seu coração é BBB. Onde você achou?
E por falar nisso lhe inventei versos que serviram de poema.
Como sempre você esnoba a inteligência das outras moças.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Coração;

cheguei em uma fase em que minha cabeça; por vezes oca, produz um poema por minuto para você!
Não que eu te ame, mas é que agora, você tomou um lugar na minha vida, e quem sabe no meu coração que me faz sentir uma falta inexplicável da sua presença.
Eu sinto falta, todos os dias, de olhar nos teus olhos e ouvir a sua voz.
Eu sinto uma falta pela metade imensurável de um não sei o "que" que eu só encontro na sua companhia.
É aquela coisa que me dá de ficar sem saída, de ficar "desrumado" no fim do batente. E eu começo a achar cada vez mais, e intenso, que o seu samba é tão bom quanto eu duvidava e que os dias de "não te vejo" são tão "vazios" quanto os dias antigos.
Mas é claro que eu não vou te perturbar, que eu não vou dizer te amo, que eu não vou mais te visitar, que eu não vou esquecer, que eu vou te esquecer.
É tão claro quanto a sua falta.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O antigo bairro das flores

A minha cidade tem duzentos anos, nem todos tem o privilégio de ter uma cidade assim. Ela tem flores e tem história, em um tempo em que as pessoas já não gostam mais de flores e não lembram mais história. As flores ficaram no nome e despetalaram assim como os primeiros amores que surgiram nas calçadas do colégio de freiras em frente a igreja matriz. Fez seus anos dourados, quando soerguia-se uma capital ao seu redor.
A minha cidade tinha um século e meio e muitos cinemas. Cine eldorado, cine rio, cine campinas onde se ia com o primeiro namoro, onde se via o primeiro galã americano.
Tinha um estádio e heróis da bola com charanga e mascote. A capital cresceu construindo seus muros, suas grades seus prédios com condomínios, com cercas elétricas, sem bênçãos de padre pelágio, sem gol, sem colégio de menininhas, sem amores escondidos, sem praça, sem garotos de lambreta, sem portas abertas, sem imigrantes, sem história...


E nos duzentos anos de minha cidade eu fui ao colégio freiras, ouvi quem presenciou sua construção, comi salgadinhos a beça.

E nos duzentos anos de minha cidade foi uma festa que só vendo, as gerações primeiras não traíram seu berço e lá estavam em peso com as gerações últimas que perdidas se encontravam com o nosso jornal, com o livro de nossa história, com a orquestra sinfônica, com a quadrilha profissional, com a melhor pamonha do mundo.

E lá teve cantores dos bons pra dedeu. Para comemorar uma paixão nada se faz melhor... e como é bom descobrir cantorias e mastigar letras...

E lhes digo é imprescindível: achar um jeito secreto penetrar no concreto...

Nos duzentos anos de minha cidade eu fui ao show do Pádua. Eu o descobri. Que show!!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Encantamento

Olhos, olhos, olhos.
Olhos que você olha.
Olhos que te olham.
Olhos de mel,
Cabelos de mel
Boca.

Fixação.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Intimismo

Esse blog vem tomando um caráter intimista que me agrada muito.
É sempre bom falar "bobagens" sentimentais.
Bobagens sentimentais quase nunca são bobagens.
É perigoso cair no sentimentalismo exarcebado; piegas!
Penso seriamente em abrir outro blog completamente o oposto desse.
Para falar de economia, ciência e política... não que eu seja um “expert”,
não mesmo! Mas vejo muita coisa por ai que não esta cabendo
tematicamente nesse blog...

...pois bem, voltando ao sentimental...
Descobri uma garota muito bela, que tem uma voz
muito doce e tem um movimento de mãos (isso mesmo!), lindo.
...havia acabado de chegar de uma apresentação teatral, estava
conversando com uma pessoa ultra especial na cozinha... eis que
ouvi do som da TV da sala uma espetacular interpretação de Rita Lee...
No outro dia procurei loucamente quem era. Era ela: Tiê.

...essa música é bem parecida comigo.

sábado, 29 de maio de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

E o palhaço não usa mais maquiagem II

Tinha umas coisas na minha cabeça que deveriam ser passadas para forma de texto escrito, umas coisas que dariam continuidade a minha teoria (?) sobre a necessidade de o palhaço não usar maquiagem. No último texto era de prontidão falar sobre o físico, nesse, era de necessidade falar sobre sentimentos, mas....no funcionar da minha cachola atrapalharam as batidas do meu...enfim estou pra não saber nada disso assim como sempre fui pra não saber de várias outras coisas que muito me agradam...


Muito acontece no mundo, muitas pessoas estão sofrendo de fome e de dor enquanto eu simplesmente fico "desenovelando" as bolas de lã do meu armário.


Eu bem sabia que ia ficar confuso diante a quantidade de coisas a dizer e muito mais diante a necessária precisão das linhas... Chegou a revista Carta Capital aqui em casa, eu fiquei procurando, procurando e procurando mais, alguma coisa bem assim assado e recheado pra ser adjuvante na minha empreitada...


Mas por falar em sentimentos, tem pessoas que quase nunca se vê, mas que sempre estão ali para o que der e vier...


A questão do palhaço é a seguinte: o palhaço descobriu a "desnecessidade" do pó na sua cara. Aquela mascara já não lhe apetecia muito o humor. Então o palhaço sem máscara decidiu ser, por natureza, o que sempre foi e começou então a olhar as pessoas pelo que elas eram, e não, como antigamente, pelo que elas estavam; quando na frente de um palhaço.


“Estou longe, longe, estou em outra estação” (Legião Urbana)

Mas bem feliz!

Vai continuar...

sábado, 22 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

E o palhaço não usa mais maquiagem

E me vieram falar de bundas outra vez; e eu que sou um esteta, também, não deixei de admirar. Mas exatamente por ser um esteta me cansei desses apontamentos. Bundas são muito visíveis, são muito arrogantes, são muito físicas e exatas. Elas não apontam seu humor e nem indicam sua capacidade para felicidade. Eu gosto de humores, principalmente dos que fingem; fingem no sentido de estarem sempre na iminência de aparecer, mas se escondem por timidez o que demonstra sua intensa identidade com a alma do portador. Mas eu não gosto só de humores, também tenho gostado de olhos, não desses olhos comuns, mas daqueles que tenho tido paciência de admirar... e que falácia dizer que eles são a janela da alma. Alma não precisa de janela para aparecer, e quem disse que ela aparece. Ela é...um espectro.
Não que eu tenha perdido o gosto pelo físico, não mesmo, mas é que isso não parece mais me consumir horrores e nem paixões platonescas (será?), parece que não, parece ouro; de tolo. Você fica feliz quando vê, mas de repente aquilo tudo não vale aquilo tudo. Aquilo tudo é aquela toda sua incapacidade de olhar direito e ver que tal ouro não é tão valioso assim. Vale ressaltar que a diferença do ouro de tolo e do ouro real é o valor que damos a eles... e dai? e dai nada...estou pintando meu bigode de branco.

bigode branco=experiência

Continua...

sábado, 1 de maio de 2010

Sem título

Era necessário uma carta minha para cada pessoa com várias rimas, com infinitas interpretações e com toda minha alma... Era necessário dizer para cada transeunte dos meus dias o quanto, ele; sem saber, consegue me provocar, e me fazer não sei o que, e de tal forma que não sei dizer, quase que sem querer encher e “desencher” aquele meu copo de vida. Era imprescindível uma carta democrática que falasse a todos o meu amor e meu ressentimento, sem exageros e sem a típica frieza daqueles que não sabem perder, ou daqueles que não sabem admitir...
Mas eu faço parte do grupo de pessoas que quase nunca fala e quando fala; fala na hora e no lugar errado, fala como se não tivesse falando.

Pode ser um ato de covardia, de imaturidade, ou minha simples timidez. Eu, na verdade, na mais pura verdade, não me importo, acabo por preferir acreditar que os adjetivos são impróprios para pessoas.

sábado, 20 de março de 2010

Os fabricantes de papel

Tem coisas que vão tarde, que não deveriam nem ter vindo.
Tem coisas, ora sentimentos, que não cabem. Não nas palavras!
Não cabem nas entrelinhas. Há sentimentos que só se executam
nos espaços que não se permitem existir...
Outro dia escrevi um texto em que a linha deveria ser maior
que os 20 centímetros do papel. Era essencial uma frase longa.
Tudo na mesma linha. Mas os fabricantes de papel nunca pensam
nos meus sentimentos...

Ventura!
Toda perda

A complexidade do ser humano, digo das pessoas é severamente grande, elas se entortam com o objetivo de se tornarem visíveis, elas se entortam para fugir dos olhares alheios. Todos os humores e segredos são inutilmente guardados sobre o rosto, sobre a pele, e me parece que inutilmente queremos tirar a pele de todos que nos cercam, para ver se achamos algo de valioso para o nosso ego ou simplesmente para a nossa carência. O espírito humano busca obsessivamente um motivo de vida em outros espíritos, e a gloria do espírito humano é se sentir totalmente independente desses outros espíritos, mesmo sabendo que os outros garantem seu equilíbrio descompassado. Os espíritos adoram ajudar, os espíritos necessitam de dependência, necessitam do outro como uma forma de garantia. Os espíritos humanos sabem que um dia perderão suas garantias. A perda é sempre dolorosa, aprender a perder é essencial. Dissimular derrotas é sobrevivência, deixa o ego do espírito humano ainda pronto para admirar novas almas.

Ventura!